Já é de nosso conhecimento que o sistema de ensino brasileiro encontra-se assentado no paradigma da certeza. Em termos de ensino, o currículo escolar está organizado tradicionalmente por disciplinas estanques que tem conduzido o aluno apenas ao acúmulo de informações que pouco ou quase nada será aproveitado em sua vida, quer cotidiana, quer profissional, até porque o desenvolvimento científico e tecnológico é de ordem tão variada e acelerada, que é quase impossível ao aluno sistematizar, armazenar e processar essa imensa quantidade de informação que o currículo tradicional, assim como os programas de vestibular, estão a exigir da educação média (FAZENDA, 2005).
Para Japiassu (2002), o nosso conhecimento nasce da dúvida, se alimenta da incerteza. Se nos abrigarmos cega e acriticamente sob o manto protetor do chamado conhecimento objetivo, do conhecimento verdadeiro, do conhecimento “científico”, como se fosse a expressão de uma verdade acabada e absoluta, cairíamos facilmente na tentação de viver uma vida intelectual parasitária, consequentemente, estaríamos nos impedindo de colher os melhores frutos da relatividade da vida.
Aos docentes cabe refletir a respeito de sua práxis, considerando que há um desejo latente em desenvolver suas atividades pedagógicas de maneira interdisciplinar integrada com atividades dos demais docentes da unidade escolar e assim conduzir uma aprendizagem significativa, que lhe proporcione prazer junto com seus alunos.
Fazenda (2002) considera a atitude interdisciplinar uma atitude de espírito, não algo que se ensine ou que se aprenda. É atitude feita de curiosidade, de abertura, de sentido de aventura, de intuição das relações existentes entre as coisas e que escapam à observação comum. Através da postura interdisciplinar poderemos revolucionar hábitos já cristalizados, passamos de um saber setorizado a um conhecimento integrado.
O que impede a eliminação das barreiras entre as disciplinas? Será o nosso comodismo? Considerando que é mais fácil trabalhar de forma fragmentada e isolada do que colocar em discussão as próprias ideias e confrontá-las com as idéias alheias, ou será que nossa formação inicial não nos proporcionou essa possibilidade de vivenciar e experimentar o novo e dessa forma justificamos o nosso comodismo.
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